domingo, 22 de fevereiro de 2009

Professores – educadores?

Começou por resposta aqui, e acabou em post.

 

Confesso que acho que o professor deve ser um educador quando com os alunos. Na aula e em todas as actividades daí resultantes.

Mas isso levanta a questão de onde termina o papel do professor. Na minha opinião, ao professor compete educar para a cidadania, para a sociedade. E esse papel deve estar presente em todos os contactos com o aluno.

Quanto a trazer trabalho para casa, essa é a razão pelo horário reduzido. E, se os professores acabam por estender esse horário mais do que o suposto (e eu sei que muitos o fazem), a verdade é que nas outras profissões fazem o mesmo ficando até mais tarde ou levando projectos para casa. E, falando por mim, eu gostaria de ter a vantagem da flexibilidade de horas a mais no meu dia, estruturando-o como quiser.

Mas há limites. A nenhum professor pode ser pedido que eduque fora da escola. Nesse ponto, concordo em absoluto. Ou então, os pais que peçam ajuda também para os fazer. Do estilo: "OLhe, já que vai educar o miúdo daqui a uns tempos, não quer passar lá em casa na terça. Eu digo à patroa para estar à espera."

O problema de fundo é que eu continuo a não ver resolvido. Os sindicatos lutam pelos privilégios de alguns e ignoram a insegurança de muitos novos (e muito mais bem formados) professores. Nas negociações, rapidamente esquecem os milhares de recibos verdes e não efectivados, como se viu. E são estes que pagam pelos benefícios dos outros.

Além disso, adoptam atitudes arrogantes, mas sempre contaram com o apoio popular para vencer as suas lutas. Tiveram-no durante tanto tempo, e apesar de tanta asneira cometida, que pensavam que eram apenas eles quem ganhava as lutas. E descuraram quem nbão merecia…

Tenho muita pena por milhares de professores injustiçados, por professores que se esforçam, que se envolvem, que se preocupam e que encontram/inventam soluções para contornar inúmeros problemas, pois estão a pagar pelos erros de uma classe que consegui antagonizar a opinião pública. Sabendo nós que, ainda agora, a profissão de professor é altamente estimada por todos os portugueses, pergunto-me porque é que ainda não foi feita uma reflexão para saber o porquê disto. E não, a resposta não é unicamente inveja.

No sector privado, na maioria das profissões e até em alguns estabelecimentos de ensino privados, premeiam-se resultados. É assim que a avaliação é feita. Concordo que devemos ter muito cuidado no modelo de avaliação e nas regras e fiscalizações do mesmo, para que levem aos objectivos que queremos DA FORMA que queremos. É necessária avaliação numa classe que ocupa uma parte considerável do erário público e onde muitos entraram (todos o sabemos) por não conseguir mais nada. É necessária avaliação numa classe que forma, todos os dias, a próxima geração.

Por outro lado, sem uma clara política de educação a longo prazo, integrada e sustentável, com agendas políticas variáveis, sem objectivos finais claramente traçados... sinceramente, vão avaliá-los em quê?!

 

Faz falta um Presidente que imponha um cessar-fogo e force o diálogo. Podia ser que uma solução integrada emergisse, se ambas as partes cedessem. Pelos nossos filhos (inclusive os dos professores).

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Previsões

Vivemos tempo conturbados de invertezas económicas. O ex-gigante EUA tornou-se, na última década, uma bolha especulativa financiada pela China. Contudo, a própria China pode ver-se em maus lençóis se a crise se alastrar pelos EUA. Os títulos de dívida pública que a China comprou aos EUA para os permitir a continuar a importar produtos chineses (estes tipos são espertos, há que admiti-lo) poderão não valer um chavo amanhã. E todos sabemos a influência que a China tem na economia mundial e as consequências que a sua queda acarreta.

No meio de todo este caos, muitos se perguntam como é possível termos chegado a este ponto.

"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar  
bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até  
que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à  
falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado"
Karl Marx, in Das Kapital, 1867

Não defendo teorias de direita ou de esquerda, porque não me identifico com nenhuma delas. Acredito na concorrência como o melhor meio de aumentar a eficiência produtiva com o mínimo de recursos. Nem a Natureza, que é a Natureza, encontrou forma melhor. Agora, será que eficiência produtiva é um objectivo que deveríamos perseguir com todas as estruturas da sociedade (tal qual o fazemos agora)? A ideia de crescimento como objectivo, que já se deveria ter abandonado desde a introdução do conceito de desenvolvimento, nunca foi abandonada. Continuamos a viver numa cultura de que maior é melhor. Carro grande, casa grande, mamas grandes, grandes lucros, enormes vendas, crescer, crescer… Tal qual tumores.

Está claro que os modelos económicos estão a falhar. É certo que a teoria económica vai avançar com uma explicação para os livros. Excesso de free-riders, elevada corrupção, mecanismos reguladores deficitários, crise de confiança no sistema, and so on, mercados emergentes e saturação, etc…

Não partilho das ideias utópicas de Karl Marx. Contudo, nenhuma universidade do mundo deixa de ensinar a sua teoria e pensamento económico. Tornou-se uma referência no estudo do capital e filosófico e não pode ser descartado. É claro que uma citação, desprovida do seu contexto, pode ganhar inúmeras interpretações.

 

De qualquer modo, acreditem em quem leu, era mesmo a isto que ele se referia.