quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Colibri e o Sexo

Apesar de lembrar algo como “A Anita na Quinta” – e de igualmente nos proporcionar grafismos de conteúdo explícito – esta é apenas mais uma forma que os visitantes deste espaço encontraram de voar até aqui. É de premiar a originalidade de tal leitor que pensou “Qual a forma original de voar até aquele blog” e, vai daí, escreve esta péroloa, digna de contos infantis, no Google.

Comentando isto com um amigo, ele questionou se não seria possível ter sido uma pesquisa séria. Rapidamente cheguei à conclusão que não poderia ser. Tal laivo de genialidade só pode ter sido originado por uma mente criativa, não por um ornitólogo empenhado em descobrir mais sobre as qualidades procriativas (e recreativas) de um colibri.

Não que não fosse uma ideia interessante! Um tal livro poderia incorrer sobre as aventuras e desventuras dum jovem colibri e as suas companheiras. Explicar o seu voo acelerado quando elas chilreavam a palavra “ninho”, “ovos” ou “anel”! As acrobacias de umas, a passividade de outras, o entusiasmo destas e a timidez daquelas… Um tal livro seria depois distribuido pelas associações de ornitologia e columbofilia de todo o país! Sem dúvida!!

Quanto à pobre alma que chegou cá procurando “vontade mútua desejo simultâneo”, acabou de sugerir um outro excelente título para um livro, ou até mesmo o novo filme de Angelina Jolie. Imagino já, o jovem colibri, envolvido em voos rasantes, explosões de ninhos e missões subaquáticas, enquanto tenta despertar a vontade da pássara da Gi (a Angelina, não a blogger), ao mesmo tempo que se “desperta a si próprio”.

Talvez, num tal filme, a expressão “Faz-me um bico!” fosse apropriada…

Há cada um…

sábado, 24 de janeiro de 2009

Heróis – full disclosure?

Depois de vários meses com o blog em stand-by, os leitores que permanecem são aqueles que, de uma maneira ou de outra, me conhecem bem. Seja por troca de emails, conversas no msn/skype, telefonemas ou contactos pessoais, a verdade é que a maioria de vós acaba por saber muito de mim.

Juntando a isso a troca de opiniões nos respectivos blogs, sobre os mais variados assuntos, muitos de vocês têm a obrigação de conseguir adivinhar (e JUSTIFICAR) quem terá sido um dos meus heróis de infância.

Para além disso, convido-vos a, sabendo de antemão que se estarão a expor, enviarem por email o nome do(s) vosso(s) herói(s) de infância/adolescência. Apenas o nome basta, mas podem acrescentar a informação que quiserem. O resultado conjunto será agregado num post com a minha interpretação pessoal de cada herói e do seu significado, sem qualquer menção aos contributos que chegarem.

Por último, deixo a lista de possíveis candidatos a meus heróis:

  • Pateta
  • Pai-Natal
  • Mário Soares
  • Fantasma
  • Cavaco Silva
  • Dartacão
  • Tio Patinhas
  • McGyver
  • David Hasselhof
  • EU
  • Kurt Donald Cobain
  • Belmiro de Azevedo
  • José Saramago
  • Patrick Swayze

Será que alguém adivinha?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Heróis – admirados ou invejados?

A questão assaltou-se-me ontem à noite, numa noite de casino com alguns amigos. Com uma nota de 20 USD no Blackjack, jogo que bastante aprecio, consegui um retorno de 570 USD. Foi uma luta titânica, de algumas horas, e que deu um lucro completamente inesperado. Ora, quem me conhece, sabe que eu defendo que alguém que vai a um casino, deve levar dinheiro para GASTAR, sem qualquer ilusões de lucros e ganhos, tal e qual como se fosse ao cinema, ao teatro ou a outro lado qualquer. Não se trata de um investimento, tal como um carro também não o é… trata-se de um GASTO. Frequento casinos já há vários anos, sempre com esta filosofia. Escolho de antemão o dinheiro que vou gastar em jogo nessa noite e NÃO TEIMO com o jogo. Apenas passo algumas horas a fazer algo que gosto, com a possibilidade de não ter de pagar por isso e até de ganhar.

Mas a obssessão de muitas pessoas por ganhar é enorme. E só isso explica a frase “És um herói!” que me foi dirigida repetidamente ontem. Não houve qualquer acto de heroísmo da minha parte. Apenas um bom conhecimento do jogo aliado ao factor SORTE. Então, porquê a excitação e ansiedade que aquela sala viveu durante mais de uma hora, em que se conseguia sentir a tensão em momentos mais arriscados, os suspiros de alívio quando conseguia recuperar e o silêncio cortante quando estava em apuros? Porquê as palmadas nas costas e as gargalhadas quando superava uma jogada com muito dinheiro investido?

A explicação é simples. Na verdade, é a inveja que determina a nossa eleição de alguém à categoria de herói. Admiração e inveja caminham assim de mão dada, uma não existindo sem a outra.

A escolha de heróis diz muito sobre as pessoas. Permite espreitar as suas motivações, as suas ambições e as suas frustrações. Conhecendo o herói de alguém, conhecemos os seus objectivos e as atitudes tornam-se quase transparentes. Dado que essa escolha é, na maior parte das vezes, automática e irreflectida, ela torna-se ainda mais sintomática dos medos e fraquezas de alguém. Tendemos a invejar (ou admirar, se preferirem) aqueles que superaram o que nós não superámos, que conseguem o que nós não conseguimos, que têm o que nós não temos. E, devido a isso, elevamo-los a uma categoria superior, inferiozando-nos a nós próprios. Ou seja, através do herói de alguém, sabemos quais os seus desejos, as suas prioridades, aquilo que considera importante, aquilo que secretamente almeja.

Será importante, como um exercício de auto-estima e auto-suficiência emocional, avaliarmos aqueles que invejamos/admiramos, e retirá-los do pedestal feito por nós. Especialmente sendo uns tolos que a única coisa que conseguiram, foi ter sorte!

 

Eu já reavaliei o meu herói de infância e tirei as minhas próprias ilacções…

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O meu padrinho

Saiu de Portugal aos 17 anos, rumo ao Brasil, como muitos na altura. Aí passou 18 anos da sua vida. No entretanto, acumulou experiências únicas, aventuras incríveis como só alguém que teve um bar durante o Carnaval do Rio pode saber. Foi dono de uma farmácia, onde ganhou alguns conhecimentos sobre saúde. Investiu e ganhou, investiu e perdeu, sempre com determinação.

Ao fim desse tempo, e sentindo os tempos de crise no Brasil, volta a Portugal, onde conhece a esposa e emigra uma vez mais, desta feita para os EUA. É neste país que se estabelece finalmente, desta vez como homem de família. No peito, uma enorme saudade pela família e pela sua terra. Longe vão as aventuras em terras brasileiras. Nos EUA ficará para sempre reconhecido como um excelente profissional, ao qual lhe imploraram que continuasse a trabalhar quando atingiu a idade da reforma. Mesmo depois da primeira vitória sobre o cancro, com a remoção de metade de um pulmão, não parou de trabalhar.

Foi graças a ele que eu tive o meu primeiro walkman em 1986, quando tal ainda se desconhecia por estas bandas. Foi graças às conversas dele que eu comecei a perceber um pouco sobre política, economia e culturas estrangeiras, sobre interesses, sobre Bretton-Woods e negócios internacionais. Foi graças a ele, 10 anos mais velho que o meu pai, que eu percebi de onde vinha o hábito familiar de estar sempre a contar piadas e de gozar com tudo e todos.

Lembro-me de uma vez, com 12 anos, em que estava a olhar para uma rapariga, na cidade de onde ele é oriundo. Era notório que eu estava interessado e (digo-o agora, na altura não o sabia) era notório que ela também estava. Contudo, eu estava bloqueado por aqueles inibidores naturais potentíssimo: a parvoíce e o medo. Acho que, na minha cabeça, esperava que alguma intervenção divina criasse uma situação de contacto. O meu padrinho, apercebendo-se desta situação, decidiu que era altura de uma conversa frontal.

Com o seu olhar malandro, de quem já viu e viveu muito, diz-me ao ouvido: “Estás à espera que ela te caia em cima? O teu avô sempre disse que só nos arrependemos dos riscos que não corremos. Vai lá! Se correr mal, nós vamos te gozar, vamos te xingar (ele nunca perdeu certas expressões brasileiras), mas tu vais saber que tentaste. Lembra-te que mais vale falhar que não tentar.”

Outros episódios se poderiam contar, outras vezes em que ele, mesmo a 7.000 kms de distância, conseguiu estar presente. Peripécias dos seus 18 anos de solteiro no Brasil, com ladrões, espertalhões, aventureiras, donzelas apaixonadas, bêbados do Carnaval, extorsionistas e outros. Ou de como sempre tentou conciliar tudo e todos, pois não suportava a ideia de uma família dividida. Ou ainda de como, um a um, foi chamando todos os irmãos para o pé de si.

Poderia falar da luta titânica que travou nos últimos tempos, contra o gigante que não lhe deu tréguas, que o obrigou a encontrar forças onde ele não sabia que tinha.

 

E posso recordar a luta contra si mesmo, quando, 15 minutos após eu lhe ter ligado e ter tido uma conversa em que ele estava mais “alheio”, ele me telefona e me diz: “Há pouco eu não estava bem, vamos conversar agora…”. O resto, não vos interessa.

 

Obrigado Padrinho, por tudo, incluindo este último telefonema que fizeste! Obrigado por teres mostrado como se luta contra tudo e todos, apesar de tudo o que a vida possa lançar contra nós! Obrigado por teres sido sempre a personificação das palavras do avô, e por me incitares a arriscar sempre! E obrigado por não permitires que a nossa última conversa fosse menos do que perfeita, por até às portas da morte e ultrapassando o limiar humano da resistência à dor, teres encontrado a força para manter a lucidez, a razão e o carinho!

 

Adeus!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Desabafo

Uma das coisas mais tristes que conheço é estar doente sozinho. Ali estamos nós, num dos momentos de maior fragilidade, em que nos sentimos particularmente vulneráveis e não temos ninguém connosco que mitigue esse sentimento.

Sou, e sempre fui, um defensor da máxima “mais vale só que mal acompanhado”. Mas quase vale a pena abrir uma excepção para os casos em que se está doente…

Admito-o! Sou um doente mimalho. E não gosto mesmo nada de estar doente sozinho!

 

Ah, e bom 2009 para todos.