Num acaso feliz, lembrei-me de ti exactamente quando cá estavas. Ao invés da conversa habitual entre dois ausentes e a promessa (quase sempre fútil) de um café, tive a oportunidade de te levar a jantar.
Já estava atrasado, agastado por um dia demasiado comprido, quando finalmente te vi. No entretanto, tinha meia dúzia de mensagens tuas, a reclamar de fome. Estavas em frente ao teu hotel, com o teu melhor sorriso vestido e uma das tuas muitas mini-saias. Os teus olhos lampejavam de carinho e antecipação.
Eu estava hesitante, mas confiante na nossa anterior cumplicidade. Acima de tudo, não podia esperar para estar contigo, sentir o suave calor de uma companhia íntima, do teu riso cúmplice, do teu sorriso enternecedor. Queria estar com alguém seguro, onde me pudesse refugiar por uns instantes e relaxar o sentido de protecção.
Tu querias simplesmente rever-me.
Entraste no carro e arranquei. Durante uns segundos, tirámos as medidas um ao outro, numa tentativa de identificar o que ainda restava da pessoa que conhecíamos tão bem, o que tinha morrido, e o que tinha nascido para o substituir. Rapidamente nos apercebemos que continuava tudo lá, tudo o que fazia do outro alguém próximo, alguém íntimo. Contei-te tudo… E finalmente pedimos o jantar! Desde logo, como sempre entre nós, a conversa fluiu fácil e em catadupa, de assunto em assunto, de mim e de ti, das pequenas coisas que mediaram o nosso última encontro, há tanto tempo atrás. Deixei-me elevar, pulando de sorriso teu em sorriso teu, brincando, divertindo-nos.
A conversa ganha asas com o vinho e adquire vida própria, nem eu nem tu a controlamos, apenas nela participamos. Como sempre, podemos falar de tudo. Contas-me os teus planos e projectos, já bem estabelecidos. Eu mostro-te aquele que estou a (re)aprender a ser. Abruptamente, verificamos que temos de pagar, já é meia-noite. Sem nunca deixarmos de falar, encontrando em cada coisa um ponto de viragem e de partida para o nosso diálogo, vagueamos um pouco pela cidade que não é nossa.
Chegámos ao teu hotel. Horas depois, foste finalmente descansar…
E eu arranquei com um sorriso dentro de mim, sentindo: reencontrei uma pessoa fantástica, uma mulher encantadora e uma verdadeira Amiga!
16 comentários:
Curioso, porque não sei muito bem que dizer...
Para mim a paixão é algo de incontrolável, e não "casual" loll
Tb fiquei com a sensação que tinhas algumas duvidas em te encontrares... sinto que os homens nisso são mais "medrosos" que as mulheres, e pergunto-me porque?
não sei se entendi bem... mas a questão fica na mesma.
beijo
... e não será mais do que isso??? Quando se ama alguém intensamente nunca se deixa de amar esse alguém, pode não estar tão presente mas ele está lá para nos lembrarmos que um dia amamos e fomos amados...
Anaïs, shadows in love,
Compreendo perfeitamente o que querem dizer, relendo o texto dá de facto essa impressão.
O blog surgiu como um espaço terapêutico onde pudesse aprofundar um lado meu que havia sido negligenciado durante anos.
Foi apenas uma velha amiga que reencontrei por acaso, mas com quem já não tinha o prazer de privar há muito tempo. Contudo, apeteceu-me transpor para palavras o de correr de um reencontro de 2 amigos, um bom momento.
Por vezes, banalizamos demais as boas coisas que nos acontecem e hiperbolamos as coisas más.
Beijinhos.
Muito bem gostei.... mesmo muito... Beijinho grande!
htsousa.
Epá tu desculpa lá , mas eu estou um bocado confusa...
Foste tu ou fui quem escreveu este texto?
( estás a pensar que estou doida, mas não,-ainda não!)
A sério, aconteceu-me há dias encontrar uma pessoa que não via há muuuito tempo e aconteceu-me exactamente o mesmo. Pensei e repensei em escrever sobre isso no Azul, mas acabei por não o fazer.
De repente, chego aqui, e deparo-me com o texto que andou a vervilhar durante semanas na minha cabeça...
Transmissão de pensamentos?
Ou vidas paralelas, como com a formiguinha.
Caramba, a sério, ainda estou aparvalhada...vou mas é ler outra vez.
Bjufas
E descansa: eu entendo perfeitamente.
Já tinha lido algumas coisas tuas de que gostei, mas hoje apeteceu-me mesmo comentar porque também tenho amigos/pessoas assim na minha vida, os verdadeiros, os que contam. E porque há muito que deixei de categorizar/enquadrar os sentimentos. Há muitas formas de amar, muitas formas de viver o amor. Pela descrição que fizeste desse momento precioso e casual não tenho dúvidas que se tratou de um encontro entre pessoas que se amam de alguma forma e isso é a melhor coisa do mundo não é?
Azul,
Se calhar foi contigo que eu me encontrei. ;)
Beijo.
african queen,
Antes de mais, benvinda ao meu cantito.
É exactamente isso que quis marcar, um momento especial entre dois amigos. Queria demonstrar que existem momentos (desprovidos de sentimentos românticos) que são também únicos e intensos e agradáveis.
E são momentos que muitas vezes banalizamos, relegamos para 2º plano.
Beijinhos.
Anaïs,
Relativamente à tua questão, vejo as coisas de outra maneira.
Os homens têm muito menos prática a encontrarem-se, a descobrir quem são. Aos homens, ainda hoje é exigido o controlo dos sentimentos. De maneira que não sabem como o fazer. O medo que falas acaba por ser o medo de explorar território muitas vezes desconhecido.
Já as mulheres têm mais prática, reconhecem essa necessidade, mas incorrem frequentemente noutro erro. Facilmente se convencem de que se encontraram, que sabem quem são e o que querem.
Pelo menos é esta a minha opinião, mas não tenho a certeza de ter compreeendido bem a tua pergunta.
Beijos.
tao bom qd temos alguém em quem confiar, com quem conversar, mm q n nos vejamos tds os dias e, qd nos reencontramos, ser td igual, td como antes... :) bj
malucaresponsavel,
Obrigado por passares por cá. Tens razão, estes momentos são muito bons.
Obrigado,
Eu confesso que pensei que era mais do que isso! Estava à espera do beijo final apaixonado de quems e reencontra! :)
à parte disso adorei o texto!
Ah e estou de volta! :)
beijo
marta,
Isso é porque a tua mente é maliciosa!
É óptimo ter-te de volta.
Beijos.
Amigos assim é que a gente gosta!
;))
Infelizmente somos muito mais emotivas... demasiado emotivas.
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