sexta-feira, 7 de março de 2008

O regresso do Pitágoras

Fui hoje buscar o meu carro ao doutor. Depois de uma série de complicações, descobriu-se que o problema dele, tal como do dono, era o despertar. Mas, ao contrário de mim, nele bastou substituir o motor de arranque, ao passo que eu continuo a ter de funcionar em piloto automático durante as primeiras horas da madrugada (independentemente das horas que forem). Aliás, eu não tenho vida inteligente antes do primeiro café!

Reparo que ele estava mais que na reserva (eu acredito que ele tem alturas em que anda por força de vontade, pois já cheguei a atestá-lo com mais litras do que a suposta capacidade do depósito) e sigo devagar, para lhe testar as pernas. Encho-lhe o depósito e entro na 2ª Circular.

Reparo que o ponteiro do combustível demora a subir, como se me dissesse que não está habituado a ir até li. Pára a cerca de meio depósito, como se estivesse a esticar as pernas, antes de continuar a sua subida, agora mais lenta, como alguém desabituado de chegar aos seus próprios pés com os joelhos esticados...

Aos poucos, vai ganhando a sua habitual confiança de carro experiente, mantendo-se ainda nos 120 (sim, eu sei o limite, não amolem). Vai ganhando cada vez mais gosto na estrada, sente o vento a deslizar pelos lados (façamos de conta que é aerodinâmico - sente mais o vento a criar resistência, mas não é tão bonito), e começa a querer mais.

Quando entramos na CRIL, já ele tinha recuperado a confiança habitual, do alto da sua experiência bastante superior à dos carros por quem passava, e entregou-se ao prazer de rolar sem dificuldades, a todo o vapor (não é assim tão antigo, mas poderia ser, também ficava bonito).

 

Talvez seja o mesmo para algumas pessoas. Tudo o que precisam é de quem lhes repare uma peça vital, lhes dê um pouco de combustível e a confiança de embarcar com elas na viagem, para que percam as inseguranças e se deixem rolar livremente, ao seu ritmo, sem limites de velocidade impostos por outrem.

27 comentários:

Silvia Madureira disse...

Olá:

Tens toda a razão...

A insegurança é difícil de combater...penso que requer muita dedicação nossa e dos que nos rodeiam.

Críticas nada resolvem...apenas aumentam.

A insegurança pode ser um factor hereditário ou simplesmente adquirido devido à vivência de experiências traumatizantes.

Volto a salientar...dedicação nossa e podemos ter situação resolvida.

Mas...atenção! A insegurança pode manifestar-se no excesso de algo ou na falta de algo.

beijo

Gi disse...

E como certas pessoas levantam-se cedo mas acordam tarde ;)
Domingo fazemos um Teorema.

V. disse...

Opá... e uma reforma ao teu carrito? (Este post foi um padido de colecta para um popó novo? ;))

Talvez seja o mesmo para algumas pessoas, como dizes. O combustível certo, a confiança e os miminhos (tive um popó já entradote e dava-lhe muitos miminhos, acho que era o melhor combustível para ele) e sabem que podem deixar-se andar.

Infelizmente os ritmos são sim quebrados pelos limites de velocidade, porque eles existem.

Beijinhos

Marta disse...

Parece-me bem! ;-)
O meu "cigano" encostou à boxe e vai ficar por lá, não há confiança que valha às juntas da cabeça do bicho!
Quanto ao arquimedes... continua a mandar-me postais mas ainda não o vi...

Laetitia disse...

Gostei imenso mas continuo a ser bastante insegura.

aespumadosdias disse...

Qual a marca dele? E a idade?

Foi Bom disse...

"Aliás, eu não tenho vida inteligente antes do primeiro café!"- Posso comentar apenas esta frase?...:D

Elvira Carvalho disse...

Muito interessante o seu artigo. Pena que eu precise de mudar tantas peças....
Uma boa semana
Um abraço

Anónimo disse...

A mim também me custa levantar cedo mas "o que tem que ser, tem muita força"... Em relação ao bólide, os 'velhotes' têem o seu charme (desde que andem, 'por supuesto')... :-)

Hélder disse...

silvia,

Inseguranças teremos sempre, porque nada é certo. Mas podemos saber que nos temos sempre a nós próprios, desde que isso nos baste.
Assim, sempre que entrarmos em algo desconhecido, sabemos que nada temos a perder.

Beijos

Hélder disse...

gione,

;)

Hélder disse...

Lady MIM,

Reformar o Pitágoras?!?!?! Mas se ele ainda é novo!!! E as memórias que ele tem? Ai, se aquele banco de trás falasse, muitas instituições ruiriam!

O combustível certo é importante (habituado ao Pitágoras, já pus gasolina num carro a gasólelo :S)

Os limites de velocidade deveriam ser fixados pelas condições de segurança da circulação, nunca arbitrariamente! Em tudo...:)

Beijinhos

Hélder disse...

estrellinha,

Talvez precises de um novo motor de arranque... ou talvez apenas de ser conduzida com cuidado e confiança.

Hélder disse...

aespumadosdias,

Que pergunta estranha... É um R9 bombástico, que atingiu a maioridade recentemente!

Estás a pensar aproveitar o programa de veículos em fim de vida, é? :D

Hélder disse...

foi bom,

Claro que podes, os comentários são livres!

... mau feitio... :P

Hélder disse...

elvira carvalho,

Não me acredito nisso, elvira. Nem por um segundo. Creio que esse motor rola livremente.

Abraço

Hélder disse...

gata,

Os felinos não deviam estar sujeitos a horário, são demasiado independentes para isso! ;)

Para mim, o Pitágoras tem charme q.b., e um banco de trás que parece um sofá!

Cati disse...

O meu carro anda a precisar de uns mimos... como a dona, efectivamente!
Uma analogia perfeita! ;)

Big crazy kiss*

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Não queres partilhar as histórias do banco de trás? Nós somos pessoas reservadas, não contamos nada a ninguém! ;)

Já que autorizaste a mana, e porque antes eu não teria coragem, e depois do primeiro café, já tens? E é o primeiro café antes (ou depois) de quê? E digamos, às 3/4 da manhã, mesmo depois de alguns/muitos cafés, és gajo para ter vida inteligente? (Só pergunto porque eu depois de terminada hora, já não penso!)

Teté disse...

Por insólito que pareça, concordo contigo.

Pessoas e carros têm uma dinâmica semelhante, embora seja mais fácil encontrar um mecânico de automóveis que resolva o problema...

Quando se encontra o que nos parece resultar numa maior segurança mútua, acompanhado de todos os restantes atributos que nos reconciliam com o mundo, é de não deixar passar a onda... ;)

Anónimo disse...

Como era muita coisa, regresso hoje para terminar a leitura! :D

"Talvez seja o mesmo para algumas pessoas. Tudo o que precisam é de quem lhes repare uma peça vital, lhes dê um pouco de combustível e a confiança de embarcar com elas na viagem, para que percam as inseguranças e se deixem rolar livremente, ao seu ritmo, sem limites de velocidade impostos por outrem." - Isto é uma esperança para a mulher do post anterior? Um desejo? ... ou um pedido? :P

Beijo.

Hélder disse...

Cati,

Leva-o ao Doutor!

Um kiss de alguém big & crazy.

Anónimo disse...

Tinha-me esquecido, eu também faço parte desses sem vida inteligente antes do 1º café(supondo que depois a conquisto)... somos muitos!

Hélder disse...

blackstar,

Pergunta ao Pitágoras! :P

O primeiro café de cada novo dia, para mim. Ou seja se me levantar a meio da noite (ou seja, no caso de um terramoto de 396,2, um asteróide ter destruído os clérigos ou sexo - que deverá ter o mesmo impacto que os outros, mas convém acordar antes), isso não conta como um novo dia.
Algures, durante a minha hibernação diária (se calhar é mesmo melhor parar de lhe chamar sono) o contador de dias dá mais uma volta, e esse é que conta!

Hélder disse...

teté,

Concordaste comigo?? :|

Puseste-me a imaginar uma área de serviço que também resolva problemas emocionais. "Queria um maço de tabaco, um chocolate, e uma hipófise nova, que a minha anda a aquecer muito!"

Quanto a essa última frase, vai directa para os "voos recolhidos"!

Hélder disse...

marta contadora,

Loool!! Apenas um pensamento solto, embora venha imbuído do mesmo contexto.

Bora criar um clube de inteligência artificialmente estimulada?