quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Obstáculos

Pesado e triste, sozinho como sempre, venho à tona do lago da doce ilusão e recebo na cara os raios da realidade. Não será fácil o caminho e talvez nunca seja o previsto. Talvez o que tanto almeja nunca aconteça, e fique para sempre um trauseunte na vida, alheio à felicidade...

Um verdadeiro viajante, repito para mim próprio, está preparado para a busca incessante e para a possibilidade de falhanço, de fracasso... Resta saber se este aprendiz na arte de viajar, de se percorrer a si próprio e de perseguir a plenitude, irá resisitir ou sucumbir às desilusões e obstáculos que a vida lhe coloca à frente. Se consegue encarar o que mais almeja ser destinado a outros, se consegue enfrentar ser despojado de tudo e enfrentar nu o vento agreste e o frio cortante da amargura, enquanto força os pés gretados a dar mais um passo na direcção do calor desejado.

Mais uma vez, enquanto me abrigo em mim próprio, questiono a minha própria força interior e a minha determinação. Sinto, a cada segundo, que sou enfraquecido e entorpecido pelo vento glaciar.

Nem por um segundo penso em voltar atrás, para a falsa segurança da Cidade da Soberba ou para a Veneza das Almas, onde sou aceite pela máscara que usar!

Mas será que consigo enfrentar novamente a Antárctida da desilusão? O vento frio vai-me enregelando cada vez mais, e sinto a racionalidade voltar para me salvar deste mundo de sofrimento. Sem emoções não há felicidade, mas também não existe sofrimento...

Escaparei ileso? Serei eternamento salvo (e preso) pela racionalidade? Ou deixar-me-ei enlouquecer enquanto enfraqueço até à morte, suportado no entretanto por doces ilusões e desvairos de loucura?

31 comentários:

Silvia Madureira disse...

Não...faz parte do ser humano estas quedas no percurso com as quais nos sentimos sem forças para continuar.

Não...isso não é loucura...é vida.

beijo

S disse...

Parece que andas a espreitar dentro de mim. Muito bonito.
Beijinho

Helluah disse...

Uma perguntinha.... isto é texto literário muito bem escrito ou os teus sentimentos e pensamentos mais profundos sobre ti e sobre a vida??
just wondering...

Eme disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hélder disse...

silvia madureira,

Mas conseguiremos sair ilesos? Há quem viva enganado uma vida inteira... E a Razão é apenas meia-vida.

Beijo.

Hélder disse...

sylvia,

Tentei, mas não consegui, não tenho um telescópio assim tão poderoso. ;)

Bonito? Não, não foi...

Beijinhos.

Hélder disse...

helluah,

Não percebi se te referias a este texto ou ao blog...

São tentativas de exprimir emoções sentidas, reflexões sobre mim, sobre impressões que outros me deixam. Uma tentativa de explorar uma parte que a luz da racionalidade normalmente ofusca, e de a trazer à tona. Apenas isso, pensamentos meus.

Quanto a "texto literário muito bem escrito", devias estar cansada, é melhor voltares a ler. São apenas desabafos.

Obrigado pela visita.

Beijinhos.

Feitiozinho disse...

Cheguei à conclusão que faz parte da vida enfrentar a esfera da desilusão, o buraco negro, tudo aquilo que nos arrasta para baixo... mas a verdade é que sem isso não conseguimos voltar ao de cima, de voltar à felicidade, de nos sentirmos completos...

É como dizia aquele anuncio tão antigo: "há mar e mar... há ir e (decididamente) voltar!"

Hélder disse...

M.,

Talvez, como sempre, a escolha certa se imponha na altura própria e o viajante enha o discernimento e a coragem de a agarrar.
Entretanto, vai-se agarrando aos sonhos como horizontes enquanto olha para o caminho. Sem medo de parar e pedir instruções.

Beijo.

Azul disse...

Lindoooooooooooo

tens desafio lá no canto azul

Hélder disse...

feitiozinho,

Voltamos, mas nem toda a gente volta incólume. A dor da desilusão é por vezes, difícil de se encarar, e socorremo-nos de armas que nos impedem de sentir. É muito difícil aceitar a inexorabilidade da vida, aceitá-la realmente sem nos fecharmos.

Desta vez o ISN teve razão. ;)

Beijinhos.

Hélder disse...

Azul,

Eu ou o texto? Já vou ver.

Beijos.

Anónimo disse...

Vem de mansinho...
Chega devagar e invade meus sentidos...
Deixa que meu corpo deseje o teu...
que minha boca explore a tua...
que a ponta dos meus dedos te conheça inteiro...
Sente o compasso do meu coração...
a suavidade da minh'alma...
as loucuras delicadas dos meus sentidos...
Deixa que a surpresa seja o compasso do nosso delírio...
a volúpia o comandante das nossas rotas...
a saudade a cama do nosso amor...
Vem bem devagar...
chega suave como a luz ténue da manha....
deixa eu ser o lençol que te acaricia...
o cobertor que cobre teu cansaço..
o deleite suave que te acarinha..
e te faz sonhar...
Sente apenas meu perfume escolhido...
para te embriagar no desejo e te fazer feliz...
Deixa que meus poemas te enlacem...
e te satisfaçam...
Deixa que meu mel seja teu alimento...
e que o vinho da vida te traga pra perto de mim...
Seja apenas meu sonho mais bonito, eterno e doce...
Seja apenas o homem que se rende
a delicadeza e a suavidade...
Deixa que eu te cubra com meus beijos...
te abrace e te enlace num infinito laço de amor....
Deixa eu sentir teu corpo...
teus músculos...
teus desejos escondidos....
e te faça explodir suavemente
como uma taça repleta de vida....

BOM FIM DE SEMANA ANJO

Beijoca na boxexa
Arte de Amar
www.intimomisterio.blogs.sapo.pt

Anónimo disse...

"A luz é especialmente apreciada após a escuridão" - La Bruyère

Creio ser preferivel o frio da desilusão ao calor da ilusão... até porque o frio é psicológico! ;)

HMF

S. disse...

When I was just a little child
I asked my mother:
"what will I be?
Will I be pretty?
Will I be rich?"
here's what she said to me...
"Que será, será...
Whatever will be, will be...
The future is not ours to see...
Que será, será"...

Vive um dia de cada vez, tira dele toda a felicidade que puderes. A felicidade reside nas pequenas coisas do dia-a-dia. Podes ter tudo quanto ansias e sentir-te assim... Prá frente é o caminho, fá-lo-emos sempre o melhor que conseguirmos.

Um grande beijinho,
Sof

Silvia Madureira disse...

Sair ileso? Penso que não. As feridas são difíceis de controlar...de secar. Mas...se tratares com carinho todas as feridas saram e preparam-se para novas quedas...a pele une.

beijo

Hélder disse...

arte de amar,

Obrigado pela prenda! No teu estilo habitual. Tem um excelente fim de semana.

Beijos.

Hélder disse...

silvia madureira,

A pele une, mas por vezes com cicatrizes. Por vezes desfigurados.
Desta vez não foi o caso.

Beijo

Hélder disse...

HMF,

Eu também o creio... questiono é a resistência para conseguir crer até ao fim. ;)

Beijo.

Silvia Madureira disse...

Deixa-me só dizer:

voltei a ler o texto (tive tempo hoje) e devo dizer que está imensamente forte usando termos como "pés gretados"...pés esses que podem ser acarinhados assim como a alma quando a luz nascer de novo dentro de ti.

Tu escreves poesia em prosa...parece um texto de cavaleiro andante, homem apaixonado e sofrido...muito bonito...e o livro?

beijo

Silvia Madureira disse...

colibrizinho:

reparei que respondes sempre aos comentários...um por um...belo gesto ! Mas...peço para o fazeres no meu blogue porque nem sempre passo por aqui e perco as respostas. Deixa lá as tuas respostas que eu já sei de que assunto de trata.

beijo e continua

S disse...

Muito bonito. Isto se me permitires apreciar a forma como escreves...
Só isso.
Beijinho

Anónimo disse...

O desejo de chegar mais além, de almejar mais, sempre mais, é característico da alma humana.

Tal como o medo do fracasso e a dúvida do sucesso (de alcançar o desejado).

E tal como o facto de, nuns momentos, nos sentirmos invadidos mais por um do que por outro destes sentimentos.

Assim a vida oscila e corre...

Não estás sozinho.
E a "ilusão" (ou o sonho), em alguns momentos, também é importante e vital para continuarmos em busca do "mais" que queremos. Para nos aquecer e aconchegar, para nos preparar para o frio...

Não tenhas medo da desilusão. Não deixes que te prive de viver. Se te desiludires novamente será porque, mais uma vez, passaste bons momentos. E esses é que contam. E assim a desilusão vale a pena... por eles, pelos bons momentos que a antecederam.

O medo de não acertar apenas potencia a hipótese de nunca acertares mesmo...

And, believe me, I know... Been there, (someone) done that (to me)...

Bjs

Hélder disse...

silvia madureira,

A ideia era mesmo transmitir uma imagem forte. As metáforas são a melhor maneira que conheço para isso.

Beijo.

Hélder disse...

Sylvia,

Eu percebi-te. Obrigado.

Beijinho.

Hélder disse...

alfacinha,

Sei bem que os medos são o que mais nos bloqueia, e que nos devemos impelir para a frente, a fim de viver.

Sei que não vou viver uma vida acanhada, tímida, de contemplação, enquanto outros a percorrem, não é esse o MEU caminho.

Mas há alturas de dúvida da nossa capacidade de resitência, alturas em que questionamos a nossa força para resisitir ao caminho escolhido. Nem sempre um está adequado com o outro.

E sim, eu seu sei que tu por lá passaste. Só não tenho a certeza do tempo verbal... ;)

Beijos.

tecnica de hardware disse...

A racionalidade nunca é doce..

Anónimo disse...

Estava a concordar contigo e volto a fazê-lo! :)

Quanto ao tempo verbal... achas que ainda há quem pouco acerte comigo pelo eterno medo de errar?!?

(É que era a isso que me referia...)

Hélder disse...

alfacinha,

Sim, pelo que vou lendo. ;)

Beijinho.

Hélder disse...

tecnica de hardware,

Bem vinda ao canto.

É isso mesmo que me faz rejeitá-la como único parâmetro. Mas também nunca é amarga... e isso basta para alguns e é tábua de salvação para outros.

Obrigado pela visita.

Beijinhos

Anónimo disse...

O facto de ainda estar ferida com muitas situações não quer dizer que estejam a acontecer neste momento...

Já me conformei com o facto de ser assim. Só não me conformei com o porquê de não ser nunca! :)