terça-feira, 25 de setembro de 2007

Moinhos de Vento

Voo todos os dias por paisagens novas. Voos tão rápidos e tão livres, tão baseados em mim e em quem eu sou, que, se palavras houvesse, mesmo assim seriam demasiado rápidos para os apanhar e escrever aqui.

Em cada voo, descubro novas paisagens. Novas realidades. Conheço-me melhor e, através de mim, conheço os outros. Todos nós temos os mesmos desejos, os mesmos instintos, as mesmas vontades e necessidades básicas. É apenas uma questão de moderação. Viajando dentro de nós, explorando todo o nosso ser, sem restrições, sem medos e sem ilusões, encontramos tudo: egoísmo, ego-centrismo, auto-preservação, humildade, vergonha, desejo de ser importante, vontade de dominar, lascividade, carinho, amor, ódio, desprezo, crueldade, amizade... Está tudo dentro de cada um de nós. No ambiente seguro (e simultaneamente aterrador!) da nossa mente, podemos explorar toda essa mescla de sentimentos e instintos, de motivações e restrições. Podemos esquecer algumas e insistir noutras. Podemos simular, podemos experimentar.

Acima de tudo, podemos descobrir quem queremos ser. Podemos encontrar-nos a nós próprios. E podemos, finalmente, principiar a perceber o comportamento dos outros.

"O mundo é um livro e, quem não viajou, leu apenas uma página." Podemos fazer a mesma analogia (e a frase já é verdadeira no seu sentido original, mas falarei disso noutro post) para nós próprios.

Se não fizermos essa viagem, arriscamo-nos a convencer-nos a nós próprios do que queremos. Nas mulheres, o caso costuma ser ainda pior, pois têm o hábito de estar absolutamente convencidas (até 0,00003 segundos antes de mudarem de ideias) daquilo que querem. Citando AlfmaniaK, "Ao se acreditar falaciosamente que se sabe o que se quer, é meio caminho andado para, ao tropeçar a realidade, a falsidade dessa segurança vir ao de cima." E, quando surge, traz consigo toda a insegurança reprimida, toda a frustação, o que muitas vezes conduz a que nos afundemos, nos precipitemos, nos magoemos.

Cabe a cada um de nós fazer essa viagem. O máximo que um amigo pode fazer é incentivar e alertar para os auto-enganos, a auto-ilusão.

Mas tentar forçar alguém à introspecção é como lutar contra moinhos de vento... a ideia é bonita, é bem-intencionada, pode até ser romântica, mas inútil!

2 comentários:

Melissa Yedda disse...

Nossa, pareces tão certo no que falas... Mas sei que as certezas também são incertas... Gostaria de aprender a viajar com esta tua segurança. Foi na escola da tua própria vida que aprendeste? Porque me pareces muito jovem para tanta sabedoria...Grande abraço!

Hélder disse...

melissa yedda,

Foi por necessidade de me repensar, de me reencontrar, que o fiz.
Eu também não viajo em segurança. Todos nós temos coisas más, onde não é bonito viajar, que é muito feio explorar.
Mas acho necessário que exploremos ao máximo o nosso "eu" para nos ajudar a evitar ilusões.

Beijinho.